Last updated on January 23rd, 2021 at 08:27 pm
Caro leitor
Meu nome é Frank e tenho uma agência de viagens em Bogotá, Colômbia. Divirta-se enquanto lê!
Natal em Boyacá Colômbia
Saímos às duas da tarde do bairro La Candelaria em Bogotá, rumo a Boyacá para fazer a Rota das luzes. Nosso plano era muito ambicioso, queríamos ir até Nobsa, o vilarejo dos presépios e ao mesmo tempo, nosso ponto mais afastado, e voltar para Bogotá passando por: “El Pueblito Boyacense” em Duitama, Corrales, o povoado “Luz de Colombia”, Tibasosa?, O Puente de Boyacá e Villa de Leyva!! Sim Villa de Leyva, sim, assim, Tudo ao mesmo tempo! Íamos chegar em Bogotá às 2 a.m. com a rota completa. Só que não! Quase.
Primeiro nos encontramos com o engarrafamento da autopista norte, quinta feira 2 da tarde, mortos do medo por conseguir sair de Bogotá antes de que começasse o rodízio veicular, mas conseguimos! Seguimos em direção a Tocancipá, não sobra dizer que nesta parte da rota há que se ter cuidado com os sinais porque é fácil tomar a rota equivocada (não porque tenha acontecido isso conosco, nem mais faltava…). Rumo para Duitama, nossa primeira parada foi no Embalse del Sisga. Desde a estrada não se vê muito bem, e a gente passa por cima dele sobre uma pontezinha vermelha de menos de 50 metros, assim que é fácil não enxergar direito. Paramos para estirar as pernas, e ver a paisagem. É possível fazê-lo entrando no restaurante “El Refugio del Sisga” Autopista 55 Km 68 via Bogotá – Tunja. Aqui há um mirante para a represa desde o qual as pessoas podem caminhando até à beira. O restaurante é bonito, tem grandes árvores, pombas brancas, galinhas punk, lhamas e um parquinho para crianças. Não comemos ali, mas encontrei depois em TripAdvisor opiniões sobre a comida e o serviço.
Continuamos a nossa viagem com um objetivo em mente: Parar em “Venta Quemada”. Segundo Sebastián, “Venta Quemada” é um parador de estrada famoso onde se podem degustar as polémicas arepas boyacenses. Polémicas porque se para uns é um manjar dos deuses, mas para outros, o seu sabor não diz muita coisa. Entrevistamos a uma das senhoras que faziam as arepas no restaurante Puerta Boyacense, fábrica de arepas. Ela não nos disse nada sobre a origem das arepas, mas mostrou para a gente a forma como são feitas. Estas arepas são feitas de milho da região, coalhada (uma espécie de queijo), sal e rapadura. A coalhada vai por dentro da massa de milho e a rapadura (ou o açúcar) é o que lhe dá o gosto adoçado característico. É assada em carvão e se serve com uma xícara de Aguadepanela (água de rapadura quente com queijo). O lugar também oferece petiscos, galinha, génovas e outras delicias da culinária boyacense. Descobrimos que “Venta Quemada” é de fato um povoado, e o seu nome correto é Ventaquemada, segundo Wikipedia “O município recebe o nome de Ventaquemada em memória de um fato ocorrido na antiga comarca comercial do século XVIII denominada “La Venta” que ficava nesse mesmo lugar, a qual foi queimada pelas rivalidades entre os seus habitantes antes da construção do atual município.”
Saindo de Ventaquemada, decidimos seguir até o Puente de Boyacá e fazer ali a primeira parada oficial de nossa Rota Natalina. Chegamos ainda de dia. Subimos pelo caminho de pedra até a estátua de Simón Bolívar dai, é possível apreciar a panorâmica de todo o monumento e da paisagem. Nesse ponto contemplamos o enrubescer de cor laranja do pôr-do-sol e vimos como pouco a pouco as luzes iam ficando acessas. Então foram aparecendo pingos luminosos caindo das árvores, caminhos de arco feitos de estrelas, flores e beija-flores, alusões às famílias camponesas de Boyacá com os seus trajes típicos e animais: galinhas, pintinhos, vacas, ovelhas e porcos. Presépio, camelos, tratores na grama, um charrete da Cinderella. Mas isto não opacava o mais impressionante: o pelotão de ciclistas luminosos dando a volta ao lugar, homenageando o talento esportivo colombiano e exaltando a Boyacá como berço de excelentes “escarabajos”, ou ciclistas de rota como Nairo Quintana e Miguel Ángel López.
A pesar da beleza, estragamos a rota, quer dizer, o cronograma, porque já era de noite e ainda estávamos longe. Fomos direto para Nobsa, e tardamos mais ou menos umas duas horas em chegar. Ao chegar nos encontramos com a enorme construção da Planta Holcim, pertencente ao grupo suíço Holcim, uma das maiores cimenteiras do mundo, e achávamos que estávamos perdidos. Contudo, encontramos o acesso ao centro do povoado guiados pelas luzes da torre da igreja.
Ao chegarmos encontramos uma pracinha cheia de luz e cor, com alusões à vida no campo e à mulher camponesa boyacense. No centro da praça vimos um castelo de conto de fadas muito iluminado opacando um pouco o espetacular presépio que caracteriza o alumbrado de este povoado. Ao redor da praça podiam se encontrar lojas de artesanato e cafés, mas todo estava fechando. Mais para lá da praça não tinha Iluminações, assim que o percurso durou 20 minutos. Cabe salientar que a igreja é muito especial e estava muito bem enfeitada por dentro. É um templo de três naves de estilo barroco, de estrutura totalmente talhada em pedra, construída a finais de século XIX e começos do século XX.
De Nobsa saímos para El Pueblito Boyacense, a pesar das recomendações de uma nobsana (qual é o gentilício destas personas?) de continuar para Corrales, que, segundo ela e sem dúvida nenhuma, é o povoado onde são feitas as Iluminações mais bonitas de toda a rota… Em fim. Saímos para El Pueblito Boyacense e em questão de mais ou menos meia hora já estávamos dentro. A entrada custa COP $2.000,00 e a entrada ao banheiro custa COP $1.000,00. O lugar é muito lindo, está cheio de casas e caminhozinhos que fazem alusão aos principais povoados de Boyacá e os seus principais produtos, na sua maioria, de tipo artesanal. Fizemos o percurso numa meia hora, não tinha muita gente e a igreja, junto com alguns restaurantes e lojas de artesanatos, já estavam fechados. Eram mais ou menos as 21 horas. Na periferia do lugar tinha barraquinhas de doces, comidas rápidas, artesanatos e um amplo estacionamento.
Deste ponto, fomos direto buscar um lugar para comer. Na verdade, Duitama já estava dormindo, e foi difícil encontrar algum restaurante aberto. Finalmente encontramos um restaurante de caminhoneiros funcionando. Um lugar muito simples, limpo, amplo, com mesas e cadeiras de plástico e muitos motoristas jantando. A atenção foi rápida, mas a comida demorou em chegar. E é assim como nossa ceia de natal e fim de ano foi: de entrada um delicioso caldo de costela e, de prato forte, arroz, batata fritas caseiras, salada de cebola branca e tomate bem picados e carne na chapa ou em bife. Toda uma experiência colombiana! Aura e eu a fizemos ainda maior, acompanhamos a ceia com um clássico refrigerante colombiano: a Manzana Postobón. [Parênteses: discutimos sobre qual seria o melhor refrigerante colombiano, para mim seria a Glacial Crema Soda, para Aura, mmm, não me lembro… sorry… Sebastián não opinou e Frank só disse “ughh”].
Uma vez terminada a ceia, barriga cheia, coração contente! e assim saímos quase às 22 horas em direção a Villa de Leyva. Duas horas de caminho desde Duitama. Fomos brincando a adivinhar nomes de artistas e filmes para não nos dormir, mas nos entediamos rápido. O App do celu quase nos faz passar por um bairro não muito legal na desolada Tunja a essa hora!
À noite, como não se enxerga bem a paisagem, a gente nota que está se aproximando de Villa de Leyva pelas curvas da estrada, e pela cor marrom que as coisas para lá fora começam a refletir. Chegamos e encontramos este pequeno vilarejo branco sobriamente enfeitado na praça principal. A enorme praça com a sua fontezinha no meio, árvores de luz ao redor dela e no átrio da praça, e os edifícios enfeitados com linhas de luz amarela. Segundo nosso historiador, o tamanho da praça é assim porque, na sua época, era usada para treinamento militar e para destacamento de soldados.
Encontramos um amigo de Frank, e cada um bebeu o que queria num bar de salsa que fica na frente da Igreja. Como nota de precaução, “não acaricie os cachorros” porque a Aura quase foi mordida por um que tratava de dormir. Eu fui explorar as imediações da praça, até que me chamaram para tirar a foto de fim de ano, onde outro cachorro da rua, mas muito mais amável, fez posse conosco. Pode ser que já esteja acostumado.
Abrigados pelo silêncio da madrugada, começamos nosso caminho de regresso para Bogotá. Confesso que tinha medo de viajar tão tarde, desde tão longe. Mas o medo só estava na minha cabeça. A via é rápida e segura, além do mais há forças militares e policiais cuidando, e em duas horas e meia, já estávamos entrando à cidade. Às 3 da madrugada cada um chegou em sua casa, feito um farrapo.
Em conclusão, não é possível fazer a rota completa numa noite somente, a menos que esteja disposto a passar a maior parte do tempo dentro do carro, ou fazer visitas extra rápidas em cada ponto ou omitir algum dos locais, ou todas as anteriores. O melhor seria escolher bem um ou dois locais e se focar neles, ou fazer a rota em dois dias.
Encontre mais informações em Informações turísticas de Boyacá. E não procure mais uma agência de viagens na Colômbia especializada em viagens de luxo e personalizadas.
Pelecanus. Viagem para Colômbia
Dezembro de 2017
Blog de Sara Colmenares
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